terça-feira, 26 de maio de 2009

Parte 1 (não sei porquê)

É de madrugada. Mergulhados no silêncio, os pensamentos gaguejam-nos aos ouvidos, aflora-nos à pele o desejo, tanto mais clássico quanto sofisticado, tanto mais real quanto mais primitivo. É um outro mundo. As estrelas sabem coisas. Tudo vêem, ao tempo avassaladoramente enfadonho que lá estão, derramando o seu olhar reprovador, belo, sobre a tosca espécie humana, tão ingénua, tão mortal, tão efémera. Tão invejável. Sabem coisas.
É por isso que não te olho nos olhos. Não, as estrelas são manhosas; reflectir-se-iam de maneira que as percebesses. Arranjariam maneira de te guiar pelo caminho que sai de entre as minhas pestanas, pela estrada castanha de terra batida; ainda ainda de chegar ao coração, já saberias. E não é assim que eu quero. Quero sussurrar-to ao ouvido num momento perfeito e ser aquilo que tu queres, que mereces, nada menos que perfeito.
Dizia-to, sem mais nem quê, e tu deixavas de pensar, eu deixava de ter medo e íamos pela noite dentro em direcção ao ápice do sonho sem olhar para trás, sem arrependimento, nem sombra, nem cheiro que não o teu, nem vulto que não o teu, nem toque que não o teu. E éramos o que somos agora, e só; crianças, perdidas na terra dos brinquedos, indo um pouquinho longe demais mas, sem mais que uma vergonha infantil, voltar a brincar, sempre, até adormecer. E crer que somos deuses, parar o tempo e ficar; ficar, no aconchego que só dois corpos como um podem achar. Quase morrer de esquecimento, num mundo branco e indolor, preguiçoso, onde não pode existir o desejo ansioso, apenas o suficiente para continuar a querer. Somos então anjos, é isso que somos. Não há em nós senão amor, ainda assim imperfeitos.
Não sei dizer, meu amor, não como tu mereces. Deixemos então falar as estrelas. Deixemos às coisas belas a função de dizer as palavras belas. Olha para o céu e percebe que, se elas o sabem, se o cantam, se to dizem, é porque até lá subiu o meu amor.

:)

Até logo

segunda-feira, 4 de maio de 2009

vamos lá ver...

ora bem, estive ausente desta coisa durante quase um mês, peço imensa desculpa mas simplesmente não estava para aqui virado. Se calhar não vou ter qualquer comentário, já ninguém me vai ligar, é bem feita lol. Ainda assim, hoje obriguei-me a publicar qualquer coisa, pensei dedicar-me a um tema soft... talvez o sentido da vida (sim, soft in deed não é?)

Suponho que, generalizando, qualquer religião vê a vida como parte de algo maior, uma preparação para a pós-vida, ou talvez a verdadeira.
Acho que já ninguém acredita realmente na burla judaico-cristã (perdoem-me os crentes, mas espero realmente que sejam suficientemente conscientes para terem chegado a esta conclusão por vós próprios) do "estamos aqui para nos amarmos uns aos outros". Sendo assim, para que é que estamos aqui de todo? Porque não logo o paraíso? Podemos amar-nos num lugar melhor, sem o sofrimento da perda.
Será que um deus benevolente não nos pouparia a essa dor? Sim, talvez porque precisamos de aprender... Mas então, sendo um deus perfeito, porque não nos criou também perfeitos, para que não tivéssemos que aprender? Aliás, se ele é perfeito porque é que nos criou de todo? Porque precisa da companhia? Para criar uma forma de entretenimento, como um gigantesco jogo de xadrez? Vendo-nos sofrer sem fazer nada?
Isso não faz sentido para um deus perfeito.... Mas e se deus não for perfeito? Se quem nos criou for uma entidade suficientemente poderosa para nos criar e tiver falhas, defeitos... Bem, suponho que isso seja demasiado assustador para pensarmos nisso, não é?

É claro que, quando deus nos falha, é para a ciência que nos viramos. É aí que deixamos de ser primitivos na nossa crença e exercemos aquela que é talvez a nossa maior qualidade, a par da criatividade. A razão. E, ainda que não esteja certo de que isso seja necessariamente bom, considero que ainda é a nossa melhor aposta. Hoje, tentei pensar sobre a vida por um ponto de vista científico. Cheguei a uma conclusão.

A vida não é mais do que matéria. A diferença é que a matéria que a compõe se organiza com um objectivo.

Qual o objectivo? Não sei, nem sequer acredito que alguma vez venha a saber, muito menos por meio da razão. Talvez a resposta esteja a meio caminho entre a religiao e a ciência, entre o racional e o absurdo. Ou talvez seja simplesmente demasiado complexa para a entendermos e continuarmos a viver como seres humanos. Talvez venhamos a descobrir que nós é que somos deus. Não sei...

E vocês, o que acham? (por favor usem e abusem do vosso direito à opinião. neste blog não há limite de tamanho dos comentários :))

Até logo