quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

FENIZ LATAL :D

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Psiu

Está frio, está mesmo frio.
Frio e escuro, como no fundo de uma caverna, quando tudo o que se cheira é rocha e tudo o que se ouve é um tremor. Dói-me a cabeça. É nestas alturas que penso que o coração não fica onde dizem que fica, porque sei que me dói o coração.
Não, não sei há quanto tempo, o tempo aqui não existe. O tempo é para quem tem esperanças ou medos ou dinheiro a render no banco. Não, quando só se sente não há tempo, porque todo o sentimento é perpétuo, toda a dor, demasiada, a mais pequena, infinita. Transborda-me, corre-me pela cara abaixo, desliza-me pela boca fora, move-se pelos nervos nos meus dedos.
Escrevo como quem distribui panfletos. Não, ninguém te viu. Ninguém te viu. Eu sei, eles não entendem que me abandonas um pouco mais em cada lágrima, apanhas um pouco mais de ti do ar, entranhas-te mais uma vez nos meus poros. Mas eles não sabem porque não limpo as lágrimas.
"Já está quase? Ainda falta muito?"
Imagino que te ris, como água fresca de um ribeiro a cair nas folhas sonolentas, de manhã. Ris, com todos esses sons de terra e nuvem e champanhe e piano e cogumelo, olhando de esguelha desde o outro lado da sala, gozando-me subtilmente a inocência infantil. "Está quase", formam impacientemente os teus lábios, vestidos de vermelho, para depois se espreguiçarem num sorriso reguila. Provocam-me. Num amuo quase divertido, encosto-me a um canto, passo a mão pela cara, crescida da barba, assento-a depois no bolso do meu blazer, numa pretensa sobriedade que pretendo sensual. Aborreço-me, levanto-me, dou uma volta. Percorro as pessoas, como livros pousados, cada um na sua estante de biblioteca, acompanhados de outros do mesmo assunto ou do mesmo valor. Têm pó, têm páginas soltas, são amarelados ou gordos ou magros, com títulos a ouro ou escritos a lápis. Sempre me soube a saber ler. Desde então, li sempre, por vezes compulsivamente. Desde a leviandade das bandas desenhadas à erudita complexidade das grandes obras, soube seguir o caminho inverso, das letras à caneta; da caneta ao dedo, ao pulso, cotovelo, mais rápido, tão rápido que a próxima paisagem que distingo é aquela que se esconde na própria essência da alma onde, por fim, deleito os olhos e me extasio. De alma em alma, de livro em livro, sem esquecer nunca aquele estranho. Onze passos, ao fundo, à esquerda, prateleira do meio. Que estranho título compõem as letras na capa, em voltas e contra-curvas que nunca vi, produzindo significados que posso apenas quase imaginar. Olho-o atentamente, horas a fio, de fio a pavio, de olhar vazio. E fica frio, e aborreço-me da sala, e faço birra.
Cai uma lágrima. Num soluço, o cheiro do livro, um riso quente salpica-me.
Num orgulho funguento do choro, envergonhado e já bem disposto, estava só a brincar.
"Mas a sério, ainda falta muito?"

Até logo :)

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Calei-me

Cala-te

Eis que se vê um poeta acorrentado.
Calado, ainda que não possa ser calado.
De pensamento livre e atrevimento esgotado.
Indigno de de poeta ser apelidado.
Houveram de crescer escrúpulos ao poeta dedicado.
O seu fado.
Pelo fado de terceiros, tornou-se mal fadado.
Um enfado.
O cérebro desperdiçado.
O coração, ainda um furo abaixo de repenicado.
Ai, pobre bicho acagaçado.
Poeta serás, talvez; foste, com certeza, no passado.
Por agora és um bocado virgulado.
Não estás despedido, estás desvinculado.
Se é para eufemismos baratos, pá, está calado.


Até logo :)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Experiência

Vou experimentar uma coisa que é para conhecerem um bocadinho mais de mim.
A partir de hoje, no meu blog, vai haver sempre uma música cantada por mim (peço desculpa, prometo que não ponho, auto-play LOL).

Depois, se não gostarem da ideia, digam que eu tiro.

Até logo.

P.S. o volume tem que ser bem alto para se ouvir, sim?

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Há um anito...

Um texto de uma amiga (sim, claro) minha fez-me lembrar de uma coisa que escrevi faz já algum tempo. I still believe :)


Como é possível que não haja corda tão grande como a que nos separa e, ainda assim, eu esteja tão preso?
Porque é que o mundo não violou a lei das probabilidades (puquê?), só desta vez, para estares assim pertinho de mim? Tão pertinho que não tenho que te imaginar, só ver-te. Eu quero ver-te tão, tão profundamente que não deixes espaço para mais nada, e eu serei feliz assim.

Quero que apareças, quero encontrar-te no sítio mais inesperado, desejar-te até não conseguir mais. Depois chorar por ti até desidratar, olhar para ti até gastar a cor dos olhos. Depois, só depois, falar contigo, só depois o teu cheiro, só depois, talvez, tocar-te, talvez beijar-te.
Mesmo que depois me tirem os olhos, ainda hei-de ver-te, não imaginar, saber-te na minha mente; sentir-te no meu coração.

Eu sei que és mentira, sei que me gozas, no abrigo da tua inexistência temporária, mas quero-te. E vou querer-te muito mais, quando deixares de inexistir. Mas não existas, não saias desse limbo, não agora. A razão não me deixa amar o que não conheço. Mas amo.

Então, espera. sei que também estás, talvez noutra dimensão, por agora, à minha espera. Mas tem paciência. Ensinaram-me, um dia, que a paciência é uma das mais difíceis virtudes, mas também das mais compensadoras.

Por isso, espera um pouco, ou espera muito tempo. Mas deixa-me crescer, deixa-me estar preparado para ti. Prepara-te para mim. Vive tudo o que quiseres, melhor, vive quase tudo o que quiseres e um pouco do que não queres, está bem, princesa?

E, entretanto, nunca te esqueças que te amo, mesmo que o ignores; nunca te esqueças que me amas, mesmo que o escondas. Porque, um dia, vamos estar juntos.
E, ainda assim, porque escrever é deixar marcado para a existência, escrevo. Escrevo porque já te amo.

Miguel de Miguel
bonitos tempos.
Até logo :)

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Correndo o risco de ser excomungado...

Cá vai mais um poema herético, em honra do Senhor que foi Manuel Maria Barbosa du Bocage

para que nunca nos tornemos demasiado líricos.



A JÓIA DO SENHOR ABADE


“Perdoe-me, senhor abade, que pequei.
Fui com ele atrás do monte, onde a minha mana vai,
E, imagine, ao sentar-me, encostei
O tornozelo ao menino de seu pai.”

“Ó menina de tua mãe, meu incólume tesouro.
Estou certo que da tua candura feliz
Nunca há-de ter brotado senão o mais puro decoro.
Mas que mais? Conta sem demora, diz…”

“Depois, eu tinha um bicho no pescoço
(pelo menos, foi isto que ele me disse).
Senti então o toque leve do moço…”
“Cabrão do puto, já cheio de manhosice!…”

“Como disse, senhor abade?”
“Nada, filha, continua.”

“E o bicho andou do pescoço para a bochecha,
E para o ombro, para a frente e para trás…”

“E então?!”

“Vai daí que julgo que foi esta a deixa
Para o… menino de seu pai se tornar num robusto rapaz…”


“Cruzes credo, abrenuncia, olhos meus!
Filha, espera, senta-te no meu regaço.
É que, se tanto mais perto estás de Deus,
Tanto mais sentes crescer o meu… embaraço.”

“E, a seguir, deu-me um beijo na orelha
Como quem colava um selo, com profundeza.
E disse-me que se, eu gostava dos meus brincos,
Era por não lhe conhecer a pendureza.

Ora, senhor padre, quero que entenda
Que com os brincos de minha avó ninguém se mete.
Pedi-lhe que então que resolvesse a contenda,
Quis estudar essa tal peça tão coquete.”

“Ai menina dos meus olhos, inocência,
Que a cada folgo me deixas mais indignado.
Tu respondes com toda a benevolência
E ele mostrou-ta, esse desavergonhado?”

“Sim, e aí disse eu num tom enojadiço:
- Essa a jóia não é nenhuma raridade.
O primo Manel tem uma, o dobro disso,
E tem uma em miniatura, o senhor abade!”

Miguel de Miguel
Até logo :)

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Mestre menino

poema com que perdi (-.-) o concurso do site Poesia em Rede. não gostei de ter perdido, mas deixo a qualidade ao vosso critério :)

Mestre Menino

Da saudade de intrínseco ser, de algo,
Da sede do provérbio de não ter nascido, ainda.
Da vida que, por já ser, é certo que quase finda,
Salva-me, salva-me, mestre.
Tu, meu senhor menino, que, com vontade, te salgo
O pé descalço, o riso, a frescura campestre.

Sabes tanto mais que eu, por saber eu tão demais.
Sabes ao sabor do mundo, queres o céu até cima,
Enfastias do infinito no instante de uma rima.
E eu exaspero e acuso, cá em baixo no sopé,
Ansiando pelas forças ancestrais,
Pela universal verdade do “Quem diz é quem é!”

Já vi bem mais com os diamantes dos teus olhos,
Já ensinei a muitos outros essas asas de papel.
Não sei como, foi sem querer, mas não lhes fui muito fiel,
Cresci. Chega agora de crescer, de só sonhar as coisas belas.
É a hora de ser livre, é o tempo dos desfolhos.
É a hora, mestre menino, de voltarmos a dançar com as estrelas.

Miguel de Miguel

Até logo

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

E perdoei-te. Já não interessa o que fizeste ou porque é que o fizeste. Cometem-se erros, partem-se pratos, compram-se outros. Mas a crueldade, essa dura muito mais. 'Não há mal que dure cem anos', diz o povo, mas muitos 'cem anos' hão-de passar antes que eu consiga esquecer a tua expressão de prazer sádico, a leviandade com que me olhaste nos olhos depois de me traíres.

A traição, perdoei-ta ainda antes de a cometeres. A crueldade, perdoei-ta hoje.
Não sinto que te perdoei, mas sei. Porque ainda consigo sentir pena de ti, porque sei que ainda te ajudarei se precisares. Porque apesar de teres voltado o jogo contra mim, de me roubares depois de me deitares ao chão, depois de continuares a acenar-me todos os dias, já sem saber, com tudo o que me tiraste, ainda consigo sentir orgulho em ti.

Só eu é que sei o que me doeu. Talvez tu também saibas, talvez imagines, se pensares com calma no assunto. E ainda não aprendeste tudo o que tinhas a aprender comigo, nem eu contigo. Eu consigo perdoar-te.
Mas como é que consegues viver contigo sem sequer pedir desculpa?

Até logo.

P.S. desculpem o desabafo, prometo que não torno a dizer coisas sem explicar.

sábado, 29 de agosto de 2009

Já não prometo nada

Não vou prometer que desta vez não vou passar tanto tempo sem publicar, porque está mais que provado que não sou bom nestas resoluções, não é? LOL

ainda assim, deixo um texto para vos entreter, se me perdoam a ausência tão prolongada.


Parvo?

Não me tomeis por parvo.
É que na noite mais auspiciosa há só uma balbúrdia de sons,
Um concerto de excertos da mesma prosa estapafúrdia
Reverberando em mil esquinas e apertos, a pretos tons.

Uma cacofonia mecânica, pouco propícia
À poesia que,
(Em boa verdade se diga)
menos que divina,
Nada deve à satânica melodia de sirenes da polícia.

Ainda assim, não me tomeis por parvo. Não tomeis de todo.
Se escolher, posso fazer escorrer pelos vossos ouvidos de lodo
A mesma água de rosas, senhores. Diria

“Olhai a bela túnica da noite,
O brilho fresco das searas e da Lua.
Olhai como eu, que olhei tanto que a gastei
E contemplei as cores que tem a noite nua.”

E as rosas choravam todo o orvalho.
E o vento soprava a derradeira sinfonia.
E no mar, a água ria e cantava.
E era a túnica que a noite seduzida, lentamente, despia.
E era o champanhe a borbulhar de entusiasmo.
E era o céu, que explodia num orgasmo, e oh…

É a lua a derreter, com um espasmo.
É o exagero, a hipérbole, a exaltação, o pleonasmo.
É o sol que, de emoção, se faz negrume.
É o fado a gemer, cheio de queixume.
É o povo que se empoleira no estrume.
É o presidente que (meu deus!) saltou do cume.
E os mentecaptos que mergulham um pouco mais
As mentes cativas num poço de betume.

Prefiro a mediocridade em consciência
À excelente deficiência de pintar o mundo de azul-bebé
E admirar a linda roupa que veste
O feio pseudo-recém-nascido.
Prefiro saber que não é para mim notícia
Que o dourado que vedes na noite é o dos postes de luz.
Que, quando muito, é amarelo-mijo, da cor da icterícia.

Mas longe de mim fazer-vos a vida num desgosto.
Longe de mim ser chamado de realista
Só porque tenho o intelecto maldisposto.
E longe de vós a correcção de qualquer conclusão
Que tireis por terdes um poema de fronte da vista.
Por isso, não me tomeis por parvo
Por não achar palavra que rime com parvo.


Miguel de Miguel
Até logo.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Parte 1 (não sei porquê)

É de madrugada. Mergulhados no silêncio, os pensamentos gaguejam-nos aos ouvidos, aflora-nos à pele o desejo, tanto mais clássico quanto sofisticado, tanto mais real quanto mais primitivo. É um outro mundo. As estrelas sabem coisas. Tudo vêem, ao tempo avassaladoramente enfadonho que lá estão, derramando o seu olhar reprovador, belo, sobre a tosca espécie humana, tão ingénua, tão mortal, tão efémera. Tão invejável. Sabem coisas.
É por isso que não te olho nos olhos. Não, as estrelas são manhosas; reflectir-se-iam de maneira que as percebesses. Arranjariam maneira de te guiar pelo caminho que sai de entre as minhas pestanas, pela estrada castanha de terra batida; ainda ainda de chegar ao coração, já saberias. E não é assim que eu quero. Quero sussurrar-to ao ouvido num momento perfeito e ser aquilo que tu queres, que mereces, nada menos que perfeito.
Dizia-to, sem mais nem quê, e tu deixavas de pensar, eu deixava de ter medo e íamos pela noite dentro em direcção ao ápice do sonho sem olhar para trás, sem arrependimento, nem sombra, nem cheiro que não o teu, nem vulto que não o teu, nem toque que não o teu. E éramos o que somos agora, e só; crianças, perdidas na terra dos brinquedos, indo um pouquinho longe demais mas, sem mais que uma vergonha infantil, voltar a brincar, sempre, até adormecer. E crer que somos deuses, parar o tempo e ficar; ficar, no aconchego que só dois corpos como um podem achar. Quase morrer de esquecimento, num mundo branco e indolor, preguiçoso, onde não pode existir o desejo ansioso, apenas o suficiente para continuar a querer. Somos então anjos, é isso que somos. Não há em nós senão amor, ainda assim imperfeitos.
Não sei dizer, meu amor, não como tu mereces. Deixemos então falar as estrelas. Deixemos às coisas belas a função de dizer as palavras belas. Olha para o céu e percebe que, se elas o sabem, se o cantam, se to dizem, é porque até lá subiu o meu amor.

:)

Até logo

segunda-feira, 4 de maio de 2009

vamos lá ver...

ora bem, estive ausente desta coisa durante quase um mês, peço imensa desculpa mas simplesmente não estava para aqui virado. Se calhar não vou ter qualquer comentário, já ninguém me vai ligar, é bem feita lol. Ainda assim, hoje obriguei-me a publicar qualquer coisa, pensei dedicar-me a um tema soft... talvez o sentido da vida (sim, soft in deed não é?)

Suponho que, generalizando, qualquer religião vê a vida como parte de algo maior, uma preparação para a pós-vida, ou talvez a verdadeira.
Acho que já ninguém acredita realmente na burla judaico-cristã (perdoem-me os crentes, mas espero realmente que sejam suficientemente conscientes para terem chegado a esta conclusão por vós próprios) do "estamos aqui para nos amarmos uns aos outros". Sendo assim, para que é que estamos aqui de todo? Porque não logo o paraíso? Podemos amar-nos num lugar melhor, sem o sofrimento da perda.
Será que um deus benevolente não nos pouparia a essa dor? Sim, talvez porque precisamos de aprender... Mas então, sendo um deus perfeito, porque não nos criou também perfeitos, para que não tivéssemos que aprender? Aliás, se ele é perfeito porque é que nos criou de todo? Porque precisa da companhia? Para criar uma forma de entretenimento, como um gigantesco jogo de xadrez? Vendo-nos sofrer sem fazer nada?
Isso não faz sentido para um deus perfeito.... Mas e se deus não for perfeito? Se quem nos criou for uma entidade suficientemente poderosa para nos criar e tiver falhas, defeitos... Bem, suponho que isso seja demasiado assustador para pensarmos nisso, não é?

É claro que, quando deus nos falha, é para a ciência que nos viramos. É aí que deixamos de ser primitivos na nossa crença e exercemos aquela que é talvez a nossa maior qualidade, a par da criatividade. A razão. E, ainda que não esteja certo de que isso seja necessariamente bom, considero que ainda é a nossa melhor aposta. Hoje, tentei pensar sobre a vida por um ponto de vista científico. Cheguei a uma conclusão.

A vida não é mais do que matéria. A diferença é que a matéria que a compõe se organiza com um objectivo.

Qual o objectivo? Não sei, nem sequer acredito que alguma vez venha a saber, muito menos por meio da razão. Talvez a resposta esteja a meio caminho entre a religiao e a ciência, entre o racional e o absurdo. Ou talvez seja simplesmente demasiado complexa para a entendermos e continuarmos a viver como seres humanos. Talvez venhamos a descobrir que nós é que somos deus. Não sei...

E vocês, o que acham? (por favor usem e abusem do vosso direito à opinião. neste blog não há limite de tamanho dos comentários :))

Até logo

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Cha Cha Cha

porquê? porque é extremamente difícil, porque tem um ritmo dá azo a músicas com uma energia fabulosa, porque é um contínuo balanço, um vai-vem. Somos assim, um bocadinho, não é? :D

Vivo com um pé noutro mundo
Que, do peito de infindos, cresceu.
Sonho e salto e mergulho, tão fundo
E tanto que quase que esse mundo é todo meu.

Foi de ouro e chocolate, por vezes,
Olhei-o com lentes do céu e da terra.
Foi alto, foi baixo, amargo, por vezes,
E opôs o perfeito ao fel de quem erra.

Tenho vivido ao pé coxinho, nos últimos tempos, inclinado, reclinado na realidade indutiva.

A terra treme e eu meneio.
Estendo-me ao comprido sobre o lado esquecido,
E braços, pernas, cabeça, coração, cheio
De pó, o ar cega e já nem sei se estou perdido.

Assenta a confusão; abrem-me os olhos, docemente,
Avelãs, embaladas em cascatas espirais.
E sorrio, em reflexo do leve sorriso quente
Que me fala numa mística linguagem de sinais.

Sem querer, já não quero ir embora.
O pulso justifica, ausente o pensamento.
O que eu quero é nunca ir, nunca mais,
E ficar aqui contigo eternamente, mais um momento. *


Para ti :)

Até logo

P.S. peço desculpa pela potencial falta de qualidade, mas pronto, quase 3 da manhã, é preciso um pouco de compreensão, sim? x)

Time Out

há já Muito tempo que não faço um post... sabem como é, férias, confusão, cansaço... sim, posso arranjar milhares de desculpas, nenhuma que interesse, não é? x)

a questão é que estou de volta :) a minha última mensagem pode ter deixado algumas pessoas confusas, talvez até porque eu próprio tinha a cabeça numa confusão. Está tudo resolvido :) comecemos então de novo, com outra mensagem.

quarta-feira, 18 de março de 2009

m&m....&m. :)

só às vezes, gosto de pensar que sou poeta.
em geral, acho um título até bastante pomposo, demasiado curto ou definitivo para algo tão abstracto.
hoje, como poeta que quero ser só por agora, tenho a capacidade de amar o papel.
amo o papel branco pela variedade de coisas bonitas que pode suportar, porque é o eventual veículo da maior obra prima da literatura de sempre, ou de uma simples carta, corriqueira para quem a lê por fora, e tão apaixonante para lhe conhece o cerne.

amo o papel de forma diferente da que amo as palavras faladas, porque o papel não gagueja, o papel tem tempo indefinido para pensar o que dirá durante instantes, porque permanece e é complexo.

amo o papel, sabias?
lá se vivem as maiores histórias de amor, histórias verdadeiramente eternas, eternamente enternecentes. Não há lugar mais romântico que o papel branco, porque o branco tem todas as cores, todas as formas dentro de si. Enquanto leio, as palavras escritas deixam ver, quais didascálias, como se formam imagens e novos universos e sentimentos e sons no seu verso, no lugar das palavras não escritas.

amo o papel. amo-te. amei todas as palavras, escritas e não escritas. Amei todas as imagens, cheiros e sons, todos.

amo-te. mas o amor é uma coisinha brincalhona, traiçoeira, até. o que é preciso é que eu tenha a certeza de que te amo sempre como agora. e agora, agora amo-te como sempre te amei, desde que te amo (uai).

há coisas que só devem ser ditas quando não esperamos dizê-las. numa noite inapropriada, imprevisivelmente, fruto de um arrepio na espinha :)

dás-me tanto mais em meio olhar que tanta gente de quem gosto tanto num inteiro... :D faz sentido?

*

Até logo

segunda-feira, 16 de março de 2009

um poema de amor :)

Uma alma, indivisível, em dois corpos,
Dois amantes adornam a noite nua,
Enfeitiçam, com o olhar, o próprio verso
Declamado por um beijo, à luz da lua.

Adormece, esquecida, a saudade,
Na calçada, percutem os pés suave melodia
Ao som de uma dança, que conduz o momento.
A cada passo, desenha-se, nas estrelas, um pretérito
A cada nota, uma vida, um para sempre.

E a cada beijo, uma nova verdade,
Tal como à noite se adivinha outro dia,
A cada fôlego, maior o firmamento.

No calor dos dois corpos, congela-se o tempo,
Existe apenas o lugar, o beijo, a alma, a dança,
Nada mais que o abstracto, tudo o resto se abstrai...

Silêncio. Falha o piano.

Cada sentido, cada verbo concentrado.
Encontram-se os dois olhares, e sabem que não
Nunca deixará escapar a memória, neste mundo,
Nunca me perdoará a saudade, o desejo,
Nunca, em mil vidas dos Homens,
A noite eterna que, uma vez, passei contigo.

terça-feira, 10 de março de 2009

Tarda mas não falha x)



Ora bem, cá estou eu de novo, após uma prolongada ausência. Eu sei, peço desculpa x)

Hoje não tenho grande margem de tempo para escrever mas não podia deixar passar mais, pelo que vou só estampar aqui um poemazito antigo meio à toa. Prometo que da próxima vou ter juízo e fazer uma coisa decente e vou mudar o aspecto deste blog. Aceito sugestões :D


Porque o nosso país tem Valor, porque isso depende de nós. Porque a memória futura de Portugal depende de nós agora, mais que nunca! E somos capazes, descendemos dos mesmos que desbravaram o mundo e fizeram d nosso país o império que já foi.

É a hora!


Propósito de todo um universo,
Efeito de um destino intrincado,
Possivelmente mesmo imerso
Num vago acaso despropositado.
Nasces tu, senhor que o mar invades,
Das sementes mais perfeitas te ergueste.
Tão cruel foi quem que te condenou,
Depois de venceres tantas verdades...
Por ti tanto homem morreu,
Tanta mulher chorou.
Ó Portugal, porque te perdeste?

Pesado o vento, carregando os teus triunfos
E o mar, às suas costas, teus valentes
E tu, cego de troféus, riqueza e glória,
Esqueceste a vida dos teus defuntos,
Largaste a âncora, afundaste a memória,
E seguiste por caminhos diferentes.

Por amor a uma pátria que era sua
Passaram frio, horrores sem cara ou nome
E a pele lhes queimou sol estrangeiro,
De saudade às costas, saíram à rua
Na boca, o escorbuto rói a fome
Vivendo da coragem que assomava
Ao seu bravo espírito pioneiro.

Foram credores do teu orgulho, e onde está?
Onde agora a honra das tuas armas?
E as terras que eles conquistaram lá?
Onde pára a coragem das tuas garras?

Sabes o nome dos ilustres, e assim deves
E os seus feitos que nunca se esquecem
Mas e os outros?
Os outros não merecem?
A eles apenas a crise medonha.
E do mar são suas lágrimas de sal.
Por fazeres do seu esforço a vergonha
Por manchares de hipocrisia a sua memória
Ó minha Lusitânia perdida, Portugal!


Até logo

domingo, 1 de março de 2009

Maktub


Não acredito na sorte, não racionalmente. Nem nos acasos, nem nas coincidências, como convencionalmente pensamos nelas.
Confesso que não dou sequer valor àqueles cuja vida se rege de sorte, em vez de esforço e coragem, persistência, sacrifício.

Ainda assim, quantas vezes na vida penso no quanto gostaria de ser bafejado por este obscuro fenómeno, não como um todo, mas em situações pontuais. Naquelas situações onde gostaria de não ter que escolher, naquelas onde não há uma escolha que possa fazer desprendidamente e em que, ainda que sem arrependimento (nunca.), acabarei por perguntar "e se?..."

it's harder that a man could ever be
to ever let him choose, either the stars or the sea.

Vai correr tudo bem. Maktub :)

Até logo

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Doubt

Imaginei que fosse um grande, grande filme. Imaginei que fosse uma representação grandiosa daquela senhora que é a grande Meryl Streep. Estava redondamente enganado.

O melhor filme (a par do Benjamin Button, por não haver termo de comparação). Uma interpretação perfeita da protagonista.

Desde as pequenas hesitações no discurso, as pequenas gaffes para dar um ar muito mais realista à personagem, pormenores a que já nos habituou, noutros filmes, esta actriz verdadeiramente excepcional (sem dúvida uma das melhores de todos os tempos), à expressividade irrepreensível e, não raras vezes, surpreendente de uma maneira fresca e que nos deixa de olhos colados no ecrã. Pormenores, sim, mas são os pormenores que, para quem os distingue, sublimam o que para outros são meras repetições.

Quanto ao filme no geral, é de uma originalidade tremenda. A maneira como verga as leis morais, como nos faz olhar por outro prisma situações que, à partida, seriam intoleráveis, faz deste (atrevo-me) futuro Clássico do cinema um dos filmes com uma crítica social e componente psicológica mais apurada que já vi.

Disto isto, gostava de saber a vossa opinião sobre uma coisa. Tendo sido os Óscares, em geral, bem atribuídos, como é que este filme não ganhou nenhum? Talvez o de Melhor Actriz? (não tendo visto o Changeling e sem duvidar do valor da Angelina Jolie, mas não estou a vê-la superar este papel)

É estranho que um filme deste calibre não ganhe nada, até algo injusto. Teriam que ser inventadas novas categorias?

Até logo

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

fa-ladrando de amamentação

hoje, numa aula, foi-me dado a preencher um inquérito sobre a amamentação. Basicamente, consistia numa série de cerca de 40 perguntas acerca da opinião dos jovens sobre a amamentação.
resistindo, por respeito às estudantes de enfermagem que o fizeram, ao impulso de escrever simplesmente "Eu gosto de maminhas!" na frente do questionário, respondi a todas as perguntas "com seriedade e honestamente", como pedido.

ora, enquanto fazia isto, embarquei numa looonga viagem na maionese acerca das mamas e mamões desta nação.
Mamão é papaia (lá perto...) e a papaia dá-me vómitos. Dá-me vómitos ver o Cristiano Ronaldo a mamar a nossa atenção, o nosso tempo, o espaço dos nossos jornais, as nossas assinaturas para abaixo assinados, até o tempo de antena de algumas rádios porque Ai do nosso pobre país se ele não mamar o prémio (completamente imerecido) de melhor jogador do mundo!

Dá-me vómitos ver dzrt's, 4 tastes, just girls(ses), floribelas e tantos outros a mamar o dinheiro de quem é suficientemente ingénuo para comprar os cd's aos filhos porque, DEUS NOS VALHA, coitadinho do puto que tenha que crescer sem ouvir música de tão alta qualidade!
Dá-me vómitos ver júlias pinheiros, gouchas e outros que tais a mamarem no cérebro de tanta gente, a atrofiarem o sentido crítico das pessoas!

Mas, sobretudo, dá-me vómitos o mamão do primeiro ministro, o mamão do presidente da república enfim, toda essa gigantesca papaieira que é a política no nosso país.
Mamam o nosso tempo, o nosso dinheiro, mamam-nos os votos com mentiras, mamam-nos o juízo, mamam-nos a paciência...

Irritam-me todos esses mamões maduros pendurados pela boca na gorda teta do Estado português, mamando constantemente tudo o que podem, num incansável e nojento movimento de sucção!

Moral da história: "Cada um que mame tudo aquilo que puder, mas com a certeza de que, quando a mama secar, vão andar os macacos todos à espera para comer os mamões que caírem" (what?) x)

Até logo

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Fui Desafiado x)

Ora bem, a Maria (ainda não tive a oportunidade de a conhecer mas parece-me boa rapariga e incrivelmente dotada a nível da escrita) desafiou-me com esta Coisa, por acaso acho uma ideia até bastante engraçada e por isso aceitei o desafio:

O Desafio tem as seguintes regras:
1. Pegar no livro mais próximo
2. Abri-lo na página 161
3. Procurar a 5ª frase completa
4. Copiar a frase
5. Não escolher a melhor frase nem o melhor livro (usar o mais próximo)
6. Passar o desafio a cinco pessoas

Vamos lá a ver... Tive duas grandes dificuldades:

- Foi um desafio encontrar O livro mais próximo, visto que tenho 37 aqui mesmo ao lado (sim, porque eu tenho um 'top' de livros de cabeceira que leio regularmente), mas pronto, lá peguei num ao acaso, se é que isso é possível.

- Acho que ainda não conheço 5 pessoas na blogosfera, por isso passar o desafio vai ser um parto difícil x)

mas vamos... O livro "sorteado" foi o terceiro volume de "As Mil e uma Noites" (noite 710 à 1001), autoria do povo árabe. Fui à página 161, cuja 5ª frase completa é

"E as cruéis bicadas prolongaram-se durante algum tempo e foram depois substituídas por uns movimentos tais que só Alá poderia saber o que havia por detrás daquela agitação da galinha a cavalo no galo adormecido."

Uma frase algo sinistra, no mínimo... Como toda a obra, aliás, apesar de fascinante.

Quanto a passar o desafio, como não conheço basicamente ninguém que o já não tenha recebido (-.-), vou só pegar em blogs de que gostei especialmente, ao acaso, e pronto:

- http://dancasnotelhado.blogspot.com/

- http://opoetaeumfingidor.blogspot.com/

- http://bloguedenotas.blogspot.com/

-http://fideiasfixas.blogspot.com/

- http://pontodeparagem.blogspot.com/

(a muito custo, Porra!)

Até logo

P.S. peço desculpa, fica feio ter assim os links mas não sei pôr de outra maneira e não posso falar com a Marta para me explicar, de modo que fica assim mesmo lol

domingo, 15 de fevereiro de 2009

sobre: "sei lá..."

A noite.

Temê-mo-la, em crianças, as sombras agitando-se, escondendo-se. Tememos o imaginário mais que o concreto, mais a ideia do medo que o próprio medo.

Hoje, fascina-me mais que tudo. Não sei porquê, não sei se o desafio da forma incompleta, oculta das coisas, se a suavidade das cores, própria da consistência dos sonhos. Não sei se a música implícita nas nuances do seu silêncio, se "Aquela embriaguez própria de algumas noites", que nos faz sentir seguros, parte delas.

Fascina-me a noite na praia, os pés na areia fria, noite quente, e as palavras que nos fogem e se entrelaçam no ar cansado do dia, ganhando novos sentidos, novos sabores... A Lua, a espreitar os mortais, o champanhe a fazer fogo de vista, "os copos de base enterrada na areia, ligeiramente inclinados, virados como que a beber todos os raios de luar".

Fascina-me o medo, transformado em desafio, em adrenalina, em embriaguez... Em liberdade suficiente para beijar com os olhares, para ver no reflexo das ondas chispas de sonhos :)

Até logo

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Uma carta de Quase São Valentim

Nunca gostei do "dia dos Namorados". Sempre o passei sozinho, no sentido conotativo da palavra, e toda a gente sabe que assistir ao cenário do dia dos namorados sozinho é pior que "As 20.000 Léguas Submarinas", de Júlio Verne, tal a parecença dos casais com as lulas gigantes a nível de sucção e enrolamento. É com este espírito que planeio enfrentá-lo, propositadamente do contra (!), mesmo contra uma tradição que, no seu âmago, é até bem bonita. Contudo hoje (?) surgiu-se-me algo. Não sei, simplesmente algo...



Princesa,

Hoje acordei em paz. Tem sido raro, nos últimos dias e, dado o estado de nervos em que me deitei, não seria de esperar. Depois do início sonolento da mesma rotina de sempre, pego no telemóvel, instintivamente. Acabo de ver que não tenho mensagens e de pousá-lo quando ouço uma vibração em cima da mesa. A sorrir interiormente por força da coincidência, leio a tua. Não me lembro o que dizia, provavelmente nada de insólito, mas ouve qualquer coisa que inchou dentro do meu peito, porque foste tu.

Saio sem pressas de casa, contudo cedo, como se ainda tivesse tempo de te ver a virar a curva, mas que não soubesses. Não quero música hoje, e só aí me dou de conta do meu verdadeiro estado de espírito. Estou feliz como há meses não me sentia, porém não demasiado feliz, alegre. O céu está de ferrolho fechado, tenho sono e frio e, ainda assim, eu hoje não condigo comigo próprio. Hoje, só combino contigo.

Na viagem, sem me aperceber, dou por mim a ouvir música, toda linda, toda alegre. Todas as letras se entranham em mim quais àgua morna numa esponja. Saio do autocarro uma paragem antes, quero levitar um pouco por aquela rua. Para mim, é esta a tua rua, e por isso estás cá dentro e lá fora, e sobes até ao céu, onde juro que se abre uma clareira exactamente por cima de mim e que se move comigo, um balão preso por nada ao pulso de uma criança. Sorrio porque mais ninguém vê o que vejo.

Ninguém, senão tu. Não me conheces, mas sabes-me e revelas-me, quase tão aos poucos que eu quase não reparo. Dou-me de conta de que te amo... não um amor explosivo, não uma paixão intensa de escarlate, mas antes um certo começo, um subtil "Era uma vez..." que não se lembra sequer do "...felizes para sempre". É amar um sonho que começa no real. Um sonho feliz, como não há meses.
Um apertozinho no estômago como já não me dispunha a acreditar, uma pressa incrível de te ver, mas não de te dizer. Pressa de que saibas, ou melhor, de que desconfies. A saudade por nunca ter sentido o teu abraço, certamente hesitante, para já, de nunca ter beijado os lábios que tremem, dormentes como se beijassem em separado e uníssono corpo e alma. A saudade necessária, e mais nenhuma.

E deixo germinar, deixo crescer. Plantaste-te no meu coração, mas não tenho a certeza de como serás, quando germinares. Sei o que espero, mas quero ter a surpresa de admitir que te amo quando te souber; não que o não saibas já, sem o saber, talvez.

A mesma dúvida que tens, também a tenho eu. E aquilo em que acreditas, aquilo que pressentes, também eu o pressinto. Sejas quem fores ou outra pessoa, agora és quem és para mim, e para mim és o potencial amor da minha vida. E mais? Não vais passar outro dia de São Valentim sozinha, nem vou eu.


Até logo

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

CAB!

É impossível não se gostar de um jogo de basquete :D

CAB - Porto, um grande jogo de basquetebol, disputado até ao último segundo, e claro, ganho por 98 - 94 pelo CAB Madeira!

Com excelentes jogadores, uma dúzia de dunks de parte a parte, triplos espectaculares por parte dos vermelhinhos e , como não podia faltar, uma claque de renome, internacionalmente conhecida (e temida!), a Raça Vermelha, a equipa deu-nos a alegria de uma vitória suada mas grandiosa, com a alma do nosso Pedro Freitas sempre presente, a abafar um gajo com 40cm a mais!

Em suma, resumindo e concluindo, para arrematar, estou rouco. xD

I LOVE THIS GAME!

Até logo

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

abdica e serás rei de ti próprio

ricardo reis.

















contudo, eu dou a esta frase um sentido totalmente diferente. é abrir mão das coisas. é preciso deixar de sufocar. se tivermos um punhado de areia na mão e a fecharmos, essa areia cai, perde-se. se abrirmos a mão, ela permanece.


é preciso abrir mão da vida, a vida não é um bibelô que se coloca numa prateleira, protegida por uma redoma de vidro para se olhar para ela, à espera que ela caia ao chão e acabe.


é preciso experimentar a vida sem medo de a (ar)riscar! quando acabarmos, cada risco será uma história, e poderemos dizer que a nossa vida, apesar de gasta, tem mais do que aquilo com que começámos.


Até logo

P.S. percebam isto e vejam lá se agora entendem o poema de baixo LOL (alguém?)

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Ininteligivelmente fa-ladrando

Poças Interiores

Cansei as palavras descalças
De lançar sentenças ao mundo.
Porquê tudo tão profundo?
Porquê, em desalmadas palavras falsas,
Tornar concreto o cerne, o pico,
A essência perfeita do néctar da alma, porquê?

Porque não o simples sentir, porque explico?
Não chega o amor, não vale, o beijo não me acalma
Ai, sempre o porquê, mais um...

Depois, outra vez, descanso e fico
Na doce nuvem, não interessa se existir
Mais um, menos um porquê, estão no seu direito.
Tão bom, quando estou bem porque imperfeito,
Errante, é sempre hora de parir, enfim, ignorante.

Já vês que, se falo a verdade, não me entendem?
E se não sabem, minto, é justo.
Chego a duvidar, coração, quase te prendem.
Ai, coitados, sabem lá...
Não, a sério, não te cales; se é a custo,
Mais cá, mais lá, nunca vão conhecer o nosso segredo,
Não é? Sim, por agora, vai valendo.

Já vês? Falamos a verdade, e os mentirosos não nos entendem...


Até logo

sábado, 7 de fevereiro de 2009

fa-ladrando da existência...



miguel miguel... diz:
tu podias morrer agora
agora!



m diz:
credo
porque?


miguel miguel... diz:
podias
o mundo parava?


m diz:
nao claro que nao

miguel miguel... diz:
em todos os milhões de anos
biliões
o universo existe há biliões de anos.
a partir de um qualquer acontecimento
algo surgiu do nada
contrariou todas as nossas leis
a lógica, as leis da física
a nossa razão está errada
a maneira como pensamos
tudo o que nós sabemos é duvidoso
consegues imaginar isso?
estamos a viver segundo regras erradas
pelo menos aquelas que conhecemos


m diz:
certo

miguel miguel... diz:
durante todo este tempo
surgiu tanta coisa
houve tanta mudança
achamos nós
durante milhões de anos, nasceu a vida, evoluiu
o homem podia desaparecer que não faria diferença
não possuímos o poder de extinguir a vida
achamos que sim, mas não conseguimos
e mesmo que conseguissemos
podíamos destruir a Terra
mas o universo permanecia practicamente inalterado
somos menos do que um arredondamento
se alguém arredondasse a nossa percentagem na massa do universo a 10 casas decimais
desaparecíamos
somos uma nulidade

m diz:
pois somos

miguel miguel... diz:
mas mesmo assim, temos os nossos deuses

m diz:
sei disso

miguel miguel... diz:
temos os ídolos
os heróis
pessoas que não conseguimos atingir
que nem compreendemos
se a melhor pessoa que já existiu é tão nula
o que somos tu e eu?
somos muito menos que nada
e nada ao menos é um conceito
nós somos o respingo invisível de um ponto final no meio da maior biblioteca do mundo

m diz:
beem essa saiu.te bem agora
LOL


miguel miguel... diz:
e não vai parar por aqui
houve muito mais que nós
e vão haver muitos mais que esses
nós somos átomos
somos um número extremamente de cargas positivas e negativas e neutras e interagirem entre si
segundo algum tipo de princípio que não conseguimos começar a compreender
se queres a minha opinião
o facto de sequer acharmos que pensamos
e de nos podermos dar ao luxo da ilusão de que temos tradições
e de que trabalhamos por um fim
de que respiramos e existimos por um fim
o facto de termos problemas
para im, isso é um milagre
e se eu me lembrasse disto sempre, morria
enlouquecia
seria diferente de um humano
por isso aproveita as tradições, m
são das coisas mais preciosas que nós temos
agradece por não te sentires um número extremamente grande de átomos que interagem entre si
sim?


SIM? :D


agradecimento à m, M de "Musa Inspiradora de Conversa Filosóficas" LOL




Até logo

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

este mundo está perdido... x)

sabem aquelas pessoas que vos adicionam no msn e que nunca chegam a falar convosco? Ou aquelas com quem falam uma ou duas vezes e depois esquecem?

Ora bem, há pouco veio uma miúdas dessas falar comigo. A conversa foi a seguinte:


#%LILIANNE%# diz:
liga ai a web


miguel miguel... you should let me love you diz:
:?

#%LILIANNE%# está a convidá-lo para começar a envio de imagens da câmara Web. Pretende Aceitar (Alt+X) ou Recusar (Alt+Y) o convite?

#%LILIANNE%# diz:
sim?

miguel miguel... you should let me love you diz:
por acaso agora estou em trajes menores, não convém
x)

#%LILIANNE%# diz:
nao faz mal

miguel miguel... you should let me love you diz:
pq?
olá, tipo não estou a ver quem és...
LOL

#%LILIANNE%# diz:
va liga la

miguel miguel... you should let me love you diz:
mas para quê?

#%LILIANNE%# diz:
va la

miguel miguel... you should let me love you diz:
??
agora não posso, mas daqi a pouco ligo se me disseres pq

#%LILIANNE%# diz:
PORQUE QUERO VER ESSE CRPO

miguel miguel... you should let me love you diz:
what the hell?

#%LILIANNE%# diz:
lool tou a gozar va liga lá
apetece.me

#%LILIANNE%# acaba de lhe enviar um toque.

miguel miguel... you should let me love you diz:
já disse q agora não dá
x)
mas o q foi isto, tipo, quem és tu?
x'D

#%LILIANNE%# diz:
sou uma fã

miguel miguel... you should let me love you diz:
quê?


#%LILIANNE%# diz:
ligas ou nao?

miguel miguel... you should let me love you diz:
agora não
depois
depois de me explicares quem és e quando eu puder

#%LILIANNE%# diz:
es de onde?
lol

miguel miguel... you should let me love you diz:
madeira, funchal
pq?

#%LILIANNE%# diz:
nada

miguel miguel... you should let me love you diz:
??

#%LILIANNE%# diz:
sou de évora

miguel miguel... you should let me love you diz:
sério?

#%LILIANNE%# diz:
e acho que te conheci no hi5

miguel miguel... you should let me love you diz:
por acaso não és amiga da cátia?

#%LILIANNE%# diz:
cátia?
cátia que?

miguel miguel... you should let me love you diz:
diniz

#%LILIANNE%# diz:
nao lol eu sou de lisboa tava a gozar


miguel miguel... you should let me love you diz:
-.-


Vocês acham isto normal? Vim a descobrir que esta miuda tem 18 anos, ISTO é normal?
Uma das oisas de que mais gosto é de conhecer pessoas novas, "estudá-las", compreendê-las e, mesmo que não seja como elas, aceitá-las de qualquer maneira. Mas "fosga-se", eu vejo disto e só consigo mesmo é dar razão à minha avó e dizer "ESTE MUNDO ESTÁ PERDIDO"

Até logo x)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Caçadores de Ogres


Há cerca de dois meses atrás, (re)comecei a ler este livro. Ofereceram-mo (já nem me lembro exactamente quem) há um ou dois anos. Como é evidente, o meu primeiro instinto foi devorá-lo sem dó nem piedade, portanto foi parar direitinho à berma da minha cama. Chegada a noite, abro o livro. Em primeiro lugar, reparo que é uma primeira edição (uau...), que foi escrito por um professor italiano de segundo ciclo, já versado em livros infantis. Sinceramente, não me inspira confiança. Começo a ler. A primeira frase introduz um texto que não aparenta qualquer sentido:


Link repete cem mil vezes a palavra "Conexão".
É um ser sofredor e incompleto e só quando tiver associado os mundos que imagina aos reais é que poderá assumir uma verdadeira identidade. (...)


Não copiei o texto na íntegra, mas posso assegurar que o resto não confere a mínima lógica ao transcrito. Após a leitura de mais algumas páginas (e continuando sem perceber patavina), desisto. O livro foi enfiado no armário, bem fundo no meio de outros 600 e tal livros, simplesmente por ser estúpido. E lá amadureceu, como um bom vinho, durante um ano ou dois.


No final do ano passado, sem outra coisa que ler, olho para o livro. "Vamos lá ver..."
Uma coisa é certa. Este não é um livro para crianças. No bom sentido (lol). Perturbador, mas genial!


Graças ao autor, um poema escrito com a "ressaca" do seu livro.


Caçador de Ogres

Tento agarrar-me às minhas mãos,
Desespero, e penso que caio noutro que não eu.
Agarro-o e escapo-me por entre os dedos e arranho-me
Sem nunca me conseguir salvar do pretenso espelho
Que, defronte, me apresenta outro que não eu.

Se sou uno, como posso esquecer-me?
Se olho por estes mesmos olhos,
Como pude alguma vez perder-me?
Falham-me os pés, e caio, e deixo-me para trás,
Mas como, se são meus?

Habituei-me a conhecer quem era
E foi esse o maior pecado.
Esperando o que havia de fazer, analisei-me,
Existi antes da licença de existir
E fui dois. Fui mais.
Assim, pelo menos, achei. Assim me perdi.

Cansado de todas as contas,
De todas as ocultas variáveis,
De tentar prever coisas que são indomáveis,
Estou Cansado de fazer.
E, sempre, continuar, saber que sempre continuarei.

De saber que não sofri o suficiente,
Que as minhas dores não me deram ainda todas as armas,
De perder o certo pelo incerto
Pelo orgulho de dizer que tentei,
De saber que não me vou arrepender.

Cansado das saudades de quando era só um sonho,
Saudades da vontade pura, da previsão.
De amar.
De quando tudo era limpo e pronto para começar,
Quando tudo podia ainda ser perfeito,
De quando sabia que sim.

Quando tudo falhou, gosto de ser dois.
Quando acabou para mim,
Que seja o do papel a perder tudo.
Que tudo acabe para ele.
Que tudo, então, recomece. Está sol.




(peço desculpa pelo tamanho LOL)

Até logo

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

"Quem nasceu para lagartixa nunca chega a jacaré"

Viva o Sporting! Como disse em conversa com a minha 'madrinha' do blog, "Adorei ver o Porto a levar na santa peida!". Adorei ver os senhores lá do Norte enxovalhados no que foi com certeza um dos melhores do ano 2009, até agora. Continuem com o bom trabalho, rapazes. A jogar assim, hão-de ser todos recambiados para o Liga dos Últimos.

É certo que o Benfica também não nos proporcionou o jogo que merecia quem foi assitir (e, ainda que benfiquista incurável, tenho que reconhecer que já estamos habituados), mas foi o suficiente. É preciso poupar os jogadores? Talvez, mas quem vê basquetebol, nomeadamente NBA, sabe que os jogadores quase jogam mais do que treinam e por isso são considerados os melhores.

Gostava de saber porque espécie de superstição há-de entrar sempre uma ovelha negra (pelo menos) na equipa do Benfica, seja ela Nuno Gomes (tenham dó...), Rúben Amorim ou Binya, e ficamos por aqui porque já é tarde. Ficam jogadores como o Cardozo, Yebda, Di María no banco, para quê? Se querem aquecimento de qualidade para os reais traseiros de quem lá se senta, contratem a Beyoncé que ela aquece alguns 3 lugares de uma assentada!

Enfim, seja como for temos uma final daqui a uns dias. Benfica-Sporting. Ora, eu não quero fazer previsões, é arriscado, mas apesar dos 4-1 ao Porto, Quem nasceu para lagartixa, nunca chega a jacaré.

imortalmente fa-ladrando

Após o óbvio sucesso que foi a minha primeiríssima publicação, com exactamente 1 comentário (e obrigado, Marta, por semelhante obséquio xD), vou confiar na evolução da coisa e andar em frente.
Quanto ao nome, consiste numa simples homenagem a um dos grandes escritores da nossa história, o Senhor Eça de Queiroz, e à sua original tendência estilística para inventar advérbios de modo o mais estapafúrdios possível. E sim, muito do que é nacional é óptimo, o problema é que nos é dado a conhecer o comercial e (não raras vezes) o ridículo, de modo que em vez de lermos Eça de Queiroz, Fernando Pessoa, Camões, Virgílio Ferreira, Florbela Espanca e tantos outros imortais da literatura, em vez de ouvirmos Mesa, Rui Veloso, TGB, Margarida Pinto (sim), Xutos & Pontapés, GNR, em vez de vermos Coisa Ruim, Amália, Call Girl e tantos outros - aparentemente inválidos - valores do nosso país, acabamos por conhecer os livros do Mantorras e do Cristiano Ronaldo e da Carolina Salgado, ouvir as músicas do Angélico, do Tony Carreira, do Mickael Carreira, acabamos por dar percentagem de audiência a programas como os Morangos com Açúcar, o Preço Certo, às Tardes da Júlia e a tantas outras demonstrações desses que são os verdadeiros vultos da cultura portuguesa. Está certo...

Ainda acerca do nome (já me desviei do assunto), discutir é o primeiro passo para agir, para mudar qualquer coisa e tudo o que se quiser, em última instância, e ser então Imortal. É só isso que eu pretendo, como pretenderam DaVinci, Buda, Jesus Cristo, Maomé, Norma Jean, Albert Einstein, Bäch e todos aqueles que, ainda hoje, nos inspiram e que nunca morrerão. E, so help me God, eu hei-de ladrar o que me der na pevide!

Eles também foram amamentados, também choraram, também foram frágeis, também brincaram. Porque não eu? Porque não quem quer que seja?

"Quem conhece os outros é erudito
Quem conhece a si mesmo é um sábio
Quem domina os outros é poderoso
Quem domina a si mesmo é invencível."

Lao Tsé

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Saudações Benfiquistas (sim senhor!)




Ora bem, cá estamos. Hoje, 3 de Fevereiro de 2009 inaugura-se este blog, em que não almejo mais do que dizer o que penso, mandar as minhas patachadas, revoltar(-me) e insurgir(-me) contra o sistema e toda a forma de opressão da liberdade de expressão (e, entenda-se, não a expressão desenfreada) do ser humano e derivados (ah pois é).
Todos os pontos de vista são aceites e, com toda certeza, muito bem-vindos. Ajudem-me lá que eu sou tenrinho nestas andanças e se há coisa de que gosto é de uma boa discussão.
Considerem-me apresentado. Até logo,
Miguel de Miguel